sexta-feira, 30 de abril de 2010

A dor de Dente

Na praça a posa de sangue prossegue secando até que as autoridades joguem terra por cima; depois de algum tempo a prefeitura mandará alguns empregados pegarem-na, se é que mandará. Sobre ela os jornais noticiam: previsões do tempo, as atracções da festa do próximo sábado, o ultimo time de futebol campeão de qualquer torneio, a repetição do ultimo capitulo da novela. Por sua vez nos shoppings, bares, restaurantes, gabinetes, fundo de oficinas, em cima das lajes, barracas de 'espetinho', os copos com cerveja saúdam,nos próximo dias e sempre,o luto da nação. E continuam as noticias , nos jornais, sobre a dor de dente que só aumenta, mas agora seguem também, nas revistas, os comentários de génios, filósofos, bêbados , mendigos e baratas : “A dor de dente não pára, e provavelmente não parará,mas vivi-se bem com ela.” Em quanto isso o dinamismo e a leveza do caos – não, caos não! – da dor de dente segue calmamente.
As filas de pessoas nos supermercados , nos cinemas, de desempregados provam que o cotidiano apenas sobrevive. Mas,fatalmente e infelizmente, para todos esses e demais
, por causa da dor de dente, um dia caíra um dente aqui, depois cairão todos o dentes acolá , mais tarde a boca em quem estão os dentes, depois de algum tempo a vida que tem a boca em que estão os dentes. E seguiram-se os comentários: “…, vivi-se bem com ela”.
Nisto o dentista,que ainda nem se formal em dentista, está em casa deitado, esperando organizar a imensa fila que se formou no consultório publico que e ele ainda não trabalhar,(em qual deverá trabalhar 5 vezes por semana, mas só ira 2 ), com dor de dente.
“ O ano que vem tem eleições 'para todos os cargos'...” “ O novo presidente toma posse hoje; será que ela vai dar um jeito nessa dor de dente?” Mas o novo presidente já saiu; e aquele futuro ex-dentista, acabou de morrer com dor de dente.
E no futuro pararão todas as noticias, não porque a dor de dente cessou, mas porque todos...

Fim.

Fotografia



Em meus sonhos abstractos
Tentarei ser mais concreto
Mas naquele velho retrato
Viverá para sempre meu amor secreto.

O guerreiro que um dia fui voltou ferido
E cheio de saúde para continuar,
E mesmo em caminhos perdidos
De tanto procurar o amor,
O amor um dia o procurará.

Mas agora o que fica
È uma tristeza amiga,
Uma
mágoa agridoce e aceitável,
solidão que não dói nem alivia.

O passado daquela imagem se renovará cada dia
Ate que de contente passe a descontente.
O sentimento ,como uma fotografia,
permanecerá entre a parede que não o coloquei
E a fotografia que não terei,
E terá sempre o gosto de saudade e perdição;
pena que ele seja áspero e espinhoso.

No entanto, sou o própria ''Estácio''
querendo ser o ''Estevão'',
Esperando assim a tragédia menor para meu o coração.