quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Às vezes quando sobra um pouco de esperança


Às vezes quando sobra um pouco de esperança,
É preciso renascer em te mesmo e em outro lugar,
Onde tudo pareça novo... Velho e sem experiência.
Também, é preciso deixar que o rio corra a caminha do mar.
Mas que o mar seja sempre um horizonte distante a se fitar,
Um farol perdido com nostalgias de luz!

Às vezes quando sobra um pouco de lembrança
É preciso docemente lembrar...
Mas que a lembrança seja simples e leve com a bruma
E que sua a espuma
Rapidamente Se desovar no ar

Às vezes quando sobra um pouco paixão
É preciso ensinar o coração
A dizer não.
Mas do que adianta ensinar o coração dizer não
Se sua função é bombear, e não falar?

Às vezes quando sobra um pouco de esperança,
Às vezes quando sobra um pouco de lembrança,
Às vezes quando sobra um pouco paixão
É preciso ter cuidado...
Porque se não,
Como um milagre, todo o peixe pescado, morto, volta para o mar.

Se mesmo assim
Às vezes quando sobra um pouco de alguma coisa similar à esperança,
Não é preciso, assim, uma borracha, e se apagar?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Chorando aos pés de Deus

Meu Deus!
Que caminhos contrários eu andai
Para estar assim tão longe...
Tão longe do que sempre sonhei?
Que pragas malignas pousaram em minha sorte
Que ventos tormentoso sopraram assim tão forte...
Tão forte que viraram o meu mundo,
Levaram minha sorte?

Meu Deus!
Há exércitos que se unem
E levam o que é meu
Mesmo que eu os grite:
_ foi Deus quem me deu

Meu Deus
Que mãos vadias roubaram
O mel que eu lhe pedir
Restando só o fel pra mim?
Que ouvido cruel escutou
O amor que lhe pedir
Deixando só o desamor pra mim?

Meu Deus
O que a de errado com meu querer
Será que tudo que quero
É proibido querer?
Será que toda vida que espero
Antes de chegar a mim, tem de morrer?

Meu Deus
Às vezes penso que nem tenho coração
De tanto que a vida me disse não _
Será que ele se foi em um desses não
Ditos em vão?
Mas o que bate em meu peito então?
_Sei lá... Às vezes ele nem bate (se é que ele bate) por vicio da rotina,
Sofre mesmo por vicio da rotina!


Meu Deus
Ensina-me e ser leve com o ar,
Voar como a águia,
Ser forte igual à rocha,
Grande como o mar;
E acolha-me aos seus pés
Neste momento que eu só sei chorar

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Naufrago

Ali vai o meu sonho:
Tão leva e tão divino:
Depois que ele acordar
Sei que não saberei mais sonhar

Ali vai o meu sol:
Vai luzindo no céu traiçoeiro
Mas depois que a noite acordar
Sei que ele não saberá mais brilhar


Ali estar o mar
E suas ondas que vem e que vão
Inundam minha vastidão,
E como uma sereia
Parece-me enfeitiçar_

Assim como o rio
Minhas chagas correm para o mar_
Mais todos também parece
Lançar suas feridas ao mar

Aqui vou eu
Dentro de um navio,
Que é o próprio eu,
Sobre o mar – imenso e calmo mar
Que mais cedo ou mais tarde
Irá me afogar!


Assim foi tudo que sou:
Sempre uma amargurar a curar
Sempre uma nova amargura a magoar
Sempre um sol a se apagar
Sempre um sonho a se frustrar
Sempre um navio a naufragar_

Sempre que achei certo
O que já era certo
Já não era certo se achar
E boquiaberto, esperei quieto,
Uma nova chance de achar


Para o mar eu vou indo,
Vou indo para o mar

E o medo me constringindo...

E o sol desluzindo..

O sonho fugindo...

E lá no fundo do mar
Para sempre
Meu navio vai caindo

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Entrevista

Escrevo por perfeita intimidade ou por simples vontade de escrever, mas entre estas entre linhas há uma misteriosa voz a me chamar.
Também busco prazer como quem busca prazer no sexo e, tenho inspirações como quem tem orgasmos precoces e multiplico_ Às vezes ouço mil vozes sussurrar ao ouvido em plana a sala vazia...

A todo o momento sinto necessidade de estar com uma folha de papel em mãos para dar vida os pensamentos que vêm visitar-me_ Esses tão Impossíveis que caminham sobre a água, e se existissem não teriam o menor sentido realiza-los ou imagina-los. Mas a extrema vontade costura a doçura de tê-los esmagando as impossibilidades.... Imaginem ai:
Um homem com a delicadeza das flores, pureza das crianças; com força do amor e a calma do tempo, guiado pela constância e amor a vida, trazendo o balsamo Perdido pela a humanidade e para suas catástrofes.
_Pois é! Existe esse homem, ta lá no meu modo...
E onde fica esse mundo,
Fica pra lá das barreiras da imaginação, entre as fronteiras do ser e precisar existir. E tão fácil construí-lo: levo-o na ponta da caneta, ergo-o em qualquer folha de papel em branco.

Perguntaram-me o que possuo vivendo de imaginação..., e de novo respondo que a imaginação e a realidade estão de mãos dadas formando um ponho de aço que tese verdades surreais por vontade de existir.

...Eu sei que em mim, e alem de mim, há um pensamento, um desejo, que eu como autor ou interprete ainda não criei ou interpretei. Sinto que há um verso a fazer, uma musica a compor, um livro a escrever, uma dor a sentir, algo a perder ou conquistar, um gesto qualquer que possam expressar essa cobrança insaciável que grita em mim.
Corre, incansavelmente, na minha alma um rio que busca ensinar-me o caminho para o mar. lá estarão os versos que farei, as letras por compor, estarão também às dores e alegrias que alargaram o meu coração...

Existe uma lágrima por rolar, capaz de inundar todo o meu ser; um grito, talvez, por todos os que se calou ,que vêm me abraçar quando todo é silencio, duvida e solidão. Talvez seja porque a angustia acaricie minhas dores, e as lágrimas lavem minha alma, fazendo me escrever e, consequentemente, arrancar de dentro de mim todas as lágrimas e gritos ocultos.

...Nunca a dor alheia foi motivo para alegria ou de orgulho, jamais a inveja foi mais longe do que a admiração, orgulho e carinho, que tenho pelos os que Vencem. Sempre participei do choro dos derrotados, e dos gritos dos desesperados_ como uma válvula de escape.
Sempre doei meu coração a ouvir lamentos suspensos no ar, a sentir percas que nunca foram minhas. Por isso os meus pés conhecem caminhos que eu nunca passei, e que meus olhos jamais Viram. Há feridas em meu corpo de batalhas que nunca participei, há grudado em minha alma toda a subjectividade dos que sonham e nunca realizam, e a sempre mais espaço para todo.
..._Um dia pararei séculos e séculos só para escrever, só pra conversar com a minha" poesia".... Mas agora não, agora há vida...! Tenho trabalhos a fazer, deveres a cumprir... Mais agora não_ Agora paro no tempo... E já não sinto falta de nada. Estou na minha melhor companhia...

...Quem me dera escrevendo, um dia, curar os doentes, alcançar os desesperados e oferecer ao menos um minuto de paz, reviver os mortos revigorar os vivos, ser mágico, divino. No entanto basto-me escrevendo a mim mesmo, e se o pudesse não me bastaria..

...Passarias horas escrevendo aqui que se multiplicaria em vidas, mas já é tarde, há muita realidade pra sonhar, pouco tempo pra dormir e pouca realidade pra acordar_ E a muito sei que estou a sós nessa sala!

Impuro

Passeando no futuro, em noites desconhecidas, descobrir você...
Você Vinha cheio de um ar de mistério, olhos fundos cansados de saltar noites,
Porém pousados numa paz sem fim;
Cabelos negros e lisos, soltos como ondas, imensos como o mar,
Lábios carnudos, vermelhos e virgens.
Braços e pernas fortes, mas sem ultrapassar as barreiras da delicadeza _ mãos prostradas, em louvor ao belo.
Corpo desenhado entre o magro e o ideal
Pele gentilmente branco, corando-se a qualquer gosto _ suave como uma pétala de flor.
Altura concordando com o desejo de qualquer um
No coração a sensibilidade e inocência das crianças _ alma pura sem pretensão de se contagiar.
Foi quando ultrapassei a barreira do tempo
Fazendo presente o futuro, e toquei você
Manchando o primoroso corpo que trazia sua perfeita alma,
Quebrando-o em mil pedaços com o martelo da minha luxuria...
...E então um milagre aconteceu e você se recompôs
E disse sorrindo:
_ bicho homem prevenisse de te mesmo.
No entanto exclamou, Deixe-me aqui num futuro que nunca chegará para você,
E levou minha alma na promessa de purificá-la e traze-la num futuro que eu sei que nunca chegará.

Circulo vicioso


A cada fuga uma nova fuga que se repetirá
E um novo e velho sonho que se perderá, frustrará...
No momento da escolha não há duvidas, mas também não tenho escolha _
Tenho que desistir!
- E continuo afogado no próprio medo que construir.
Às vezes sigo revolto com lágrimas nos olhos, cansaço na lama, com enormes feridas no coração,
Mesmo assim tenho que desistir _
O orgulho detrói-me, a oportunidade constroi-me, contudo destruo tudo com meu medo de aço.
Só à noite, quando pensando no que perdi, sinto dó e nojo de mim.
Ai vem o futuro trazendo todo o passado e, vejo que o que já perdi nem se compara com que ainda perderei.
Mesmo assim eu sigo _ Dói-me o momento, o corpo, a vida...
Como posso ser tão fraco assim?
Como posso ser assim conformado?
Sustento vontade de tudo que poderia viver e sinto uma enorme saudade de tudo que poderia ter sido.
Olho meu presente, reflexo do meu passado, imagem do meu futuro... Ainda assim tenho que desistir.
Dos sonhos que tenho o maior, não é viver o que se passou, pois “águas passadas não movem moinhos”, é apenas não desistir _ Prosseguir!
E infelizmente não posso, tenho que desistir.
Vejo pessoas vivendo o meu sonho, Roubando o meu sonho _ Os invejo!
Penso em lutar, mas tenho que desistir.
Foi quando percebi que tenho tanta força para desistir que, Poderia como a fénix, renascer das cinzas, _
Mas já desistir!

Esperança


Sei de todos meus conceitos, mas hoje foi pego de surpresa:
Meu dia de garoto machucado, meus sonhos frustrado, meu orgulho blindado, meu momento no escuro, meu porto seguro, meu medo de perder, minha ânsia de querer, Minha força encurralada, minha dor renegada, minha cicatriz curada, minha tristeza disfarçada, minha estrada secreta, minha certeza concreta, tudo que um eu quis..., Meu lado fénix, minhas asas de águia, minha estrela guia, minha calmaria, minha tempestade, minha fragilidade, minha fortaleza de aço, meu coração em pedaços, meu colo de mãe, meu grito de socorro, meu padrão de normal, meu minuto indissolúvel, meu momento de loucura, meu gesto de proeza, minha incerteza, meu sorrido fingido, meu troféu caído, meu momento de medo, meu desejo em segredo, minhas ideias geniais, a minha fúria compulsiva, minha esperança explosiva... Tudo, tudo que construir e conseguir reter depois de um longo temporal seguido de indelével tragédia, tudo... Tudo em mim foi revirado e colocado uma coisa por cima da outra.
Seja o que for: foi bizarro, inesperado, foi de perder a voz, Como ser o único sobrevivente no mundo, como compor um clássico do rock ou da literatura, um pensamento que não conseguir imaginar, uma ideia que jamais teria, foi como ir ao céu e inferno ,num passo só, algo grande que nem sei se existem números para caracterizá-lo, talvez ate infinito. Foi como renegar uma descoberta cientifica com medo da Santa Inquisição.
Quase não conseguir fazer uma oração, o que mais tenho feito ultimamente.
Pode não ser o que eu espero, não sei foi sonho ou realidade, talvez fosse uma brincadeira de mau gosto Ou minha imaginação dando asas à interpretação. Mas seja o que fosse houve perdão, houve realização, alegria, harmonia, houve milagre, historia e esperança, saudade, amizade, vontade, liberdade, reciprocidade.
Pode não ser o que espero, mas seja o que for: não me prendi a vaidade, fui pouco, mas de verdade, perdoei e perdoei por vontade. Fui do réu ao juiz, do professor ao aprendiz, fui da doença a cura, do anjo a criatura, fui também os dois lados da moeda, do carrasco ou nobre, do rico ao pobre e estou no meu lugar. não espero nada além do que passo esperar. Foi justo! Não fui bom ou ruim, fiz o que espero que façam por mim. E ao invés de fazer chorar ou ver alguém se magoar, Por que não perdoar? - Logo o perdão que têm sido minha estrada e direção que tem sido um sonho - Por que não?
Seja o que for: Perdoei! E uma grande alma nasceu dentro mim. Agora vejo um novo rio para ricochetear pedrinhas a tarde... Não tenho mais o sentimento de tristeza que me invadia no cair da tarde... Vejo alem dos meus olhos, pena que o momento ainda não exista: Como é linda a minha vida que está um pouco alem do futuro, Como são doces os frutos das árvores que plantei na fé e na esperança... Esse acontecimento me fez dormir e agir feito criança.
Estou certo de que seja o que for esse momento, esse acontecimento... Houve um Deus e seu amor. Houve luz, houve a mão do senhor Jesus. E agora estou em paz... O espírito santo me conduz. Bendigo e bendirei ao senhor seja isso lá o que for.

Sonho acabado

...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Quem?


Traga-me apenas um segundo da tua companhia,
Para que eu vença essa dor translúcida,
Que agora agride minha vida.
Traga-me ao menos um fio da luz viva que há em teus olhos,
Para que eu avance da treva de mim mesmo.
Traga-me a tua mão forte e santa,
Para que eu segure e me erga do tumulo da morte que agora estou.
Traga-me o ar que tu respira,
Para que ele construa continentes na praça morta dos meus pulmões.
Traga-me a tua essência de vida,
E destrua a essência secreta de algo desconhecido e ruim que há em mim
Traga-me o teu corpo meigo e puro,
Para que eu possa depositar a minha alma machucada.
Traga-me o seu coração escudo
Para que o meu amor guerreiro lute contra qualquer mal;
Traga-me ao menos um pensamento de coragem,
Para que eu possa ser o mais fraco entre os fortes,
E o mais fraco entre os fracos; e ainda assim ser um humilde vencedor,
E se por ventura eu cair, que caia no solo de tua pele.
E já em você, por favor, me abrace forte!
Para que eu vença esse mistério que é a solidão_ e em selênico explicar a quem sofra


*13/10/2008